terça-feira, 16 de julho de 2013

16/07/2013 

Gaeco pede prisão de 15 suspeitos de tortura

Grupo atuou na investigação do caso Tayná, em Colombo
Theo Marques
Policiais do Gaeco escoltaram quarteto na saída da Casa de Custódia
Curitiba - A Justiça de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), concedeu ontem a liberdade provisória aos quatro suspeitos pelo assassinato da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. Adriano Batista, de 23 anos, Sérgio Amorin da Silva Filho, de 22, Paulo Henrique Camargo Cunha, de 25, e Ezequiel Batista, de 22, ficaram detidos por 19 dias. A decisão atendeu o pedido de urgência feito pelo Ministério Público do Paraná (MPPR), que entendeu não haver provas suficientes para oferecer denúncia contra o quarteto. 

Também ontem, no início da noite, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em conjunto com a Corregedoria-Geral da Polícia Civil, protocolou junto à Justiça de Colombo, o pedido de prisão preventiva de 15 policiais civis, entre eles o delegado Silvan Rodney Pereira, que era titular da Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, pelas supostas agressões e torturas contra os suspeitos. Também foi solicitado o afastamento de nove agentes públicos. 

Conforme o procurador Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, não há dúvidas que os suspeitos foram torturados. "Podemos afirmar que houve tortura. Temos indicações dos laudos e de outras provas, como os depoimentos dos rapazes. Eles apontaram as pessoas envolvidas e os reconheceram em fotografias", destacou. 

O MPPR também confirmou ontem que o inquérito que investiga a morte da adolescente foi devolvido para a Polícia Civil. A informação é do promotor Paulo Markowicz de Lima. A partir de agora, a polícia tem trinta dias para concluir as investigações. "Eles podem nos remeter o inquérito até antes. Este procedimento é necessário porque, até o momento, não há provas suficientes que acusem os suspeitos ou o que indiquem a participação de outras pessoas no crime", ressaltou o promotor. 

No entendimento do MPPR a manutenção da prisão de um suspeito só pode ser feita se há elementos que certifiquem a autoria do crime. A contraprova do exame de DNA feito com os quatro suspeitos confirmou que o sêmen encontrado no corpo da adolescente não pertence a nenhum dos acusados. 

Sesp
A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), por meio de nota oficial, informou que, por determinação do delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinicius Michelotto, a Delegacia do Alto Maracanã será comandada pelo delegado Iacri Meneghel Abarca, que estava lotado na Delegacia de Castro (Campos Gerais). Com ele, assumirão também 12 investigadores, dois escrivães e dois estagiários. A Sesp também informou que toda a investigação do caso Tayná está sendo refeita. 

Libertação
Os quatro suspeitos deixaram a Casa de Custódia de Curitiba (CCC) por volta das 19 horas e foram encaminhados para a sede do Gaeco. No local eles se reuniriam com os promotores que apuram as denúncias de tortura para prestar os últimos esclarecimentos antes de reencontrarem os familiares. Os rapazes saíram da penitenciária em dois carros escoltados e sem conversar com a imprensa. 

Jivanildo dos Santos, tio de Sérgio, um dos acusados, foi até a Casa de Custódia e acompanhou toda a movimentação. Ele disse que a família ficou apreensiva durante os 19 dias em que o sobrinho ficou detido. "Nunca ficamos sabendo do envolvimento dele com qualquer tipo de crime. Quando soubemos do caso ficamos assustados, mas sempre acreditamos na sua inocência. As pessoas que nos conhecem apontavam para a gente na rua, mesmo sem saber a verdade. E agora apareceu estas denúncias de tortura, é um absurdo e os responsáveis têm que ser punidos", disse. 

O novo advogado de defesa dos quatro rapazes, Andrey Salmazo Poubel, entrou com pedido para que os quatro passem a integrar o Programa de Proteção às Testemunhas do Paraná. Segundo Battisti, que é coordenador do programa, não há garantia que o pedido seja aceito.

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