quarta-feira, 3 de julho de 2013

aluno sofre queimadura na escola

03/07/2013

Aluno sofre queimaduras na escola

Estudante se feriu durante um experimento de física. Revoltada com atitude da direção, que não avisou os pais e não chamou socorro, família registrou boletim de ocorrência
Saulo Ohara
David Wesley da Silva Brito teve queimaduras de 2º grau: "Não sei o que aconteceu que a solução explodiu e o fogo veio na minha direção"
O que era para ser uma aula normal acabou em um acidente vitimando um aluno de 15 anos. David Wesley da Silva Brito sofreu queimaduras no pescoço, orelha e couro cabeludo, após uma explosão no laboratório de Física no Colégio Estadual Antônio Moraes de Barros, no Jardim Bandeirantes (zona oeste de Londrina). Revoltado com a atitude da direção da instituições, que ao invés de pedir socorro, medicou o garoto e não avisou os pais, a família registrou queixa na Polícia Civil e pretende acionar o Estado.

O fato ocorreu na sexta feira da semana passada, dia 28, por volta das 11 horas.

"O professor me chamou e me deu dois palitos de fósforo. Ele pediu para eu demonstrar um experimento com uma substância líquida armazenada em uma garrafa pet. Não sei o que aconteceu que a solução explodiu e o fogo veio na minha direção", explicou o estudante, que foi socorrido pelo professor e por uma fiscal de pátio.

"Ela passou uma pomada nas partes queimadas, principalmente o pescoço, e me liberaram para vir para casa", lembrou. David foi a pé para casa, que fica aproximadamente 1,5 quilômetro distante da escola. "Ele chegou em casa tremendo, em estado de choque e com a cabeça para cima porque o pescoço foi a parte mais atingida", contou o pai Felipe, que imediatamente levou o filho ao hospital.

O garoto sofreu queimaduras de segundo grau e foi medicado com uma pomada. A família registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e também comunicou o Núcleo Regional de Educação (NRE).

"Acho que a escola tem que mudar o procedimento em laboratório para que ninguém sofra como meu filho. Além disso, quero que os responsáveis sejam advertidos", declarou o pai, afirmando que entrará com um processo judicial contra o Estado. "Quero a recuperação dos danos. A escola não podia ter medicado meu filho e, muito menos, deixar de comunicar a família. Essa situação me revoltou muito", disse.

David retornou às aulas ontem, foi bastante questionado pelos colegas de classe e conversou com a diretora. "Ela falou que outros alunos da turma disseram que eu fui acender a garrafa de curioso. Agora, eu só quero mudar de escola. Não quero mais estudar lá", comentou David, que, segundo o pai, é um aluno com boas notas. "No mês passado eu participei de uma maratona de matemática e passei para a segunda fase", completa o garoto, que sonha em ser médico.

A mãe, assustada com o episódio, diz que tentará transferir o filho de escola. "Porque ele vai ficar marcado no colégio como o aluno que se acidentou, como filho do pai que processou, enfim, ele terá um tratamento diferenciado", justificou.

NRE
Ontem à tarde, David foi ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer um exame de corpo de delito. A chefe do NRE, Lúcia Cortez, afirmou que só teve conhecimento sobre o ocorrido na tarde de segunda-feira, mas que já ouviu a direção da escola, inclusive com a presença do professor.

"A (diretoria da) escola relatou que o professor estava no laboratório com os estudantes, deu os comandos como é de costume, mas que o aluno não os acatou e ocorreu o acidente. Não sei o que aconteceu no momento, pode ser que a escola não tenha valorizado o que aconteceu com esse aluno, mas antes de qualquer afirmação é preciso conversar com também a família, ouvir o relato do estudante e dos pais", salientou Lúcia.

Ainda de acordo com a chefe do Núcleo, após os relatos será feita uma avaliação junto com o setor de Ouvidoria. "Se for constatado que houve negligência por parte da escola, caberá ao Núcleo aplicar uma medida que pode ser desde uma orientação à escola até a abertura de um processo administrativo", explicou Lúcia, ao comentar que "o correto nessa situação é a escola comunicar imediatamente a família. Os pais devem estar cientes, principalmente se no caso o aluno precisar de atendimento médico", concluiu.

A direção foi procurada para comentar o assunto, mas a diretora não estava no colégio no momento. A reportagem foi informada que apenas ela poderia responder sobre a questão.

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