quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


28/02/2013 

PF e MPT libertam 'escravos' de fazenda no PR

Denúncia foi feita por trabalhador que fugiu de propriedade rural
Inácio Martins - Uma ação conjunta da Polícia Federal (PF), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) libertou na segunda-feira pelo menos 28 pessoas que trabalhavam em uma situação análoga à escravidão em uma fazenda na cidade de Inácio Martins (Centro). 

A denúncia foi feita por um trabalhador que conseguiu fugir da propriedade e procurou a delegacia da PF. "As pessoas viviam em péssimas condições de higiene, em casebres que não tinham banheiro, água potável, energia elétrica e muitas vezes dormiam ao relento. Trabalhavam em troca de comida. Não recebiam salário e, por isso, sempre tinham dívidas com o proprietário", explicou o delegado da PF em Guarapuava, Maurício de Brito Todeschini. 

Entre os trabalhadores havia muitas mulheres e crianças de colo. Não existia nenhum tipo de assistência médica e muitas pessoas apresentavam problemas de saúde e lesões nas pernas e nos braços. Não havia leite na fazenda e diversas crianças apresentavam sinais de subnutrição. Os empregados trabalhavam na colheita da erva-mate. A fazenda fica em um local de difícil acesso e os policiais tiveram problemas para chegar até os trabalhadores. 

De acordo com a PF, denúncias de trabalho escravo são comuns na região Central do Estado, sobretudo em lavouras de erva-mate. "Recentemente tivemos um caso em Palmas, mas nunca encontramos uma situação tão degradante como esta. As pessoas precisam do trabalho e por isso se sujeitam a trabalhar sem registro e em condições precárias e depois não conseguem mais deixar o serviço", contou o delegado. 

As pessoas libertadas em Inácio Martins foram levadas para um hotel em Guarapuava e foram ouvidas no MPT. Após os depoimentos, seria realizada uma audiência para que a empresa reconhecesse o vínculo empregatício dos trabalhadores e efetuasse o pagamento das verbas rescisórias e do dano moral individual. O MPT informou que o número exato de trabalhadores escravos só será oficializado após a conclusão do trabalho. 

"O proprietário foi localizado posteriormente e por isso não foi preso em flagrante. Mas ele vai responder pelo crime de redução à condição análoga à de escravo, que pode resultar em reclusão de dois a oito anos", frisou Todeschini. 

O inquérito na Polícia Federal deve ser aberto em até duas semanas, após o recebimento de toda a documentação com os depoimentos prestados no MPT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário