quarta-feira, 22 de maio de 2013


22/05/2013 

CDH apura maus-tratos no Cense de Londrina

Relatos obtidos pela FOLHA dão conta de que jovens seriam punidos com suspensão do fornecimento de comida e até agressões físicas
Arquivo FOLHA
Segundo parente de jovem, punições severas são comuns nas unidades
Londrina – Integrantes do Centro de Direitos Humanos (CDH) de Londrina fazem nos próximos dias vistoria nas duas unidades do Centro de Socioeducação (Cense) para apurar denúncia de supostos agressões e maus-tratos contra os internos.

Relatos dão conta da retirada de cobertores durante a noite, suspensão do fornecimento de comida e até agressões físicas, como choques elétricos. Outro fato que está sendo apurado é que um garoto teria sido estuprado pelo colega de cela com consentimento do educador. O caso foi confirmado à reportagem por outro educador.

A FOLHA obteve relatos de parentes das supostas vítimas, cujas identidades serão preservadas. O mais grave é o de uma mãe de 36 anos, cujo filho de 15 teria sido violentado dentro do Cense 1, onde ficam os adolescentes apreendidos provisoriamente. O crime teria sido cometido há cerca de três anos.

"Recebi uma ligação durante a noite de um educador querendo falar comigo, fiquei assustada e pensei que meu filho tinha morrido. Ele pediu para vir em casa e contou que meu filho havia sido estuprado por outro menor", disse.

Ela só teve autorização para ver o filho cinco dias depois. "Ele me abraçou forte, não falava nada. Ele ficava olhando para os lados o tempo todo, assustado, achando que alguém estava monitorando", lamentou. O menino teria sido atendido posteriormente e passado até por exame de corpo de delito. "Fui questionar os educadores e fui presa por desacato." A mãe cumpriu três dias de trabalho comunitário "pelo crime" e o adolescente foi colocado em liberdade antes do prazo preestabelecido, depois de 28 dias.

Este garoto tem uma extensa ficha e foi apreendido nove vezes. Depois desse caso no Cense 1, ele passou a ser internado no Cense 2, onde estão os meninos em medida socioeducativa de internamento.

A tia de um outro adolescente que esteve internado na mesma unidade contou outros detalhes. "Como punição por algum erro cometido, retiravam o cobertor da cela. Algumas vezes ele teve o alimento cortado", observou.

Segundo ela, há punições mais severas dentro dos centros. "Bateram na cara do menino que estava na cela com ele. Meu sobrinho comentou que o garoto foi retirado de lá e quando voltou disse ter levado choques."

Para o coordenador do CDH de Londrina, Carlos Enrique Santana, os fatos são "graves". "Denúncias já foram formalizadas para a Corregedoria do Ministério Público e para a Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Câmara Federal", afirmou.

Exonerações
Além das denúncias relatadas, a FOLHA ainda apurou que nove educadores foram exonerados em Londrina nos últimos meses. Como os processos correm sob sigilo judicial, outros detalhes não podem ser revelados. Quatro deles já foram reconduzidos aos cargos mediante liminar judicial. A reportagem da FOLHA procurou a Secretaria Estadual de Família e Desenvolvimento Social para comentar o assunto, mas foi informada que somente hoje um responsável poderia se manifestar.

Consequências
O psicólogo Eugênio Canesin Dal Molin, especialista em transtornos do desenvolvimento na infância e adolescência, observou que, com a aplicação de punições desse tipo, o cumprimento de medidas socioeducativas perde todo seu caráter educativo. Ele reforça que "para os adolescentes envolvidos, fica subentendido que violentar é uma punição adequada, quando obviamente não é". "O adolescente pode depreender dessa experiência é que tais formas de violência são punições socialmente aceitas."


O TROMBONE== Quem sabe se começar a jugar o crime e não a idade acaba com esse  entra e sai de menores dessas casas de abrigo que não ressocializa ninguem

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