sexta-feira, 29 de março de 2013


29/03/2013 -

Por ‘diversão’, estudantes se arriscam na BR-369

Jovens pulam de passarela, andam e deitam no meio da rodovia e arremessam objetos nos veículos
Fotos: Olga Leiria
Alunos escalam passarelas: abusos acontecem todos os dias
Londrina - Os alunos do Colégio Estadual João Sampaio, na Vila Yara (zona leste), têm se arriscado durante o horário de saída das aulas na rodovia BR-369, no km 148, entre a Avenida Dez de Dezembro e a Rua Suindara. A reportagem da FOLHA flagrou vários deles pulando da passarela de uma rampa para outra para encurtar o percurso, colocando em risco a sua própria vida. Os estudantes usam os corrimões como degraus, escalam a estrutura da passarela e ignoram a altura de mais de cinco metros de altura. 

Um trabalhador que pediu para não ser identificado afirma que os abusos acontecem diariamente. Ele revela que os estudantes andam e deitam no meio da pista de rolamento da rodovia. "Isso é sério. Eles correm risco de morrer atropelados", advertiu. 

O mecânico César Ferreira, que trabalha nas imediações, diz que o grupo é formado por meninos e meninas. "Arremessam latas debaixo do ônibus e não deixam os outros passageiros entrarem durante o embarque no ponto de ônibus, permanecendo na porta do veículo, atrapalhando os demais", observou. 

A recepcionista Inês Pereira, que também trabalha no entorno, conta que os estudantes sobem em caminhões que ficam parados em um depósito de veículos próximo ao ponto de ônibus. "Ficam correndo para lá e para cá e outros permanecem embaixo, orientando para saltar de um caminhão para outro", alertou. 

Interpelados pela reportagem, muitos desdenharam do perigo que corriam com respostas surpreendentes: "Se eu cair, do chão eu não passo", "O máximo que pode acontecer é quebrar o braço ou a perna" e "Não tem perigo não, faço isso todos os dias". 

A psicopedagoga Sandra Helena Teodoro, a primeira coisa a ser feita com esses pré-adolescentes é um trabalho de conscientização. "A escola precisa levar psicopedagogos e psicólogos para dar palestras para eles. Eles não têm consciência do perigo e neurologicamente não estão formados. Isso é comum nessa faixa etária, mas para que eles façam isso é porque acreditam que a vida deles não está valendo muita coisa", declarou. 

Ela cogita a existência de um líder negativo no grupo. "O jovem que pretende fazer parte desse grupo precisa fazer o que esse líder faz e, caso isso não aconteça, pode resultar em bullying", revelou. 

A reportagem solicitou informações ao Núcleo Regional de Educação sobre a existência ou não de campanhas de conscientização por parte da direção ou do corpo docente do Colégio Estadual João Sampaio para alertar os alunos sobre os perigos que os enfrentam, mas não obteve resposta. 

A Triunfo Econorte, administradora da rodovia, informa que não recebeu nenhuma denúncia sobre o problema. E orienta as pessoas para que se manifestem pelo e-mail econorte@econorte.com.br para que seja analisada a situação. 

Neste ano foram registrados 88 atropelamentos em toda a cidade de Londrina - nenhum deles no trecho onde ocorrem esses abusos. 

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