sábado, 26 de outubro de 2013

26/10/2013 

Expansão de porto antecipa duelo eleitoral no Paraná

Curitiba - Um dos principais entrepostos comerciais do País, o Porto de Paranaguá virou pivô da antecipação da provável disputa eleitoral de 2014 no Paraná entre o atual governador Beto Richa (PSDB) e a ministra petista Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Nas últimas semanas, tucanos e petistas trocaram acusações, e a ministra de Dilma teve de ir a campo para preservar sua imagem. 

Paranaguá foi incluído num plano de investimentos do governo federal, capitaneado pela ministra da Casa Civil. Serão R$ 2,6 bilhões, o maior valor entre os portos brasileiros. 

Anúncio feito, em vez de elogios, o plano passou a render contratempos à ministra. O plano de investimentos no porto foi duramente criticado por empresários e pela comunidade da cidade. 

Os críticos apontam razões técnicas. Dizem que o governo federal "jogou fora" os estudos de ampliação conduzidos pela administração local. 

Críticos
Eles apontam inconsistências no projeto e reclamam da união de terminais, que, pela magnitude dos investimentos necessários, pode ceifar do porto as cooperativas agrícolas, fortes no agronegócio paranaense. 

O governo federal chamou os empresários para debater, colocou o projeto em consulta pública e se diz aberto a alterá-lo. Mas não sem que houvesse respingos na ministra. Aliados de Beto Richa aproveitaram a onda de críticas. 

Blogueiros simpáticos ao governo estadual atribuíram a ela a responsabilidade pelo plano. O líder do governo tucano acusou Gleisi de querer "destruir Paranaguá". 

Na manifestação mais severa, a Federação da Agricultura do Paraná (Faep) estampou na capa de boletim semanal: "A última de Brasília: intervenção de Gleisi em Paranaguá". Nas páginas internas, fotos da ministra e o título: "Afinal, o que Brasília tem contra o Paraná?". 

Reação
A ministra revidou. Apontou "politização" do tema e se queixou de "injustiça". Em reunião com os empresários descontentes, virou-se para o representante da Faep e disse que sofreu críticas "desrespeitosas" e "desnecessárias". 

A federação nega ter agido politicamente e diz estar apenas reverberando a opinião dos produtores rurais. 

Gleisi também procurou sanar os danos à sua imagem: mandou cancelar uma reunião dos empresários insatisfeitos com a bancada de deputados, para que se encontrasse com eles antes. 

Depois, se afastou dos debates, que vêm sendo conduzidos por técnicos da Secretaria Especial de Portos e da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). 

Aliados da petista dizem que ela ainda vai colher bons frutos, com o acolhimento das demandas do empresariado - o novo projeto, revisado, será anunciado dia 5. 

No front de Beto Richa, já se compara o episódio ao das ferrovias anunciadas pelo governo federal e que atravessavam o Paraná sem passar por Paranaguá, numa iniciativa também sob o comando de Gleisi. Depois de muita negociação, o plano foi revisto.

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