sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Gaeco prende funcionário da Sercomtel

27/09/2013 -

Gaeco prende funcionário da Sercomtel

Izaltino Toppa, que havia denunciado extorsão, é suspeito de tentar matar colega de trabalho envenenado
Fotos: Gustavo Carneiro
Após ser interrogado, o servidor foi levado para a Casa de Custódia; polícia apreendeu frascos com o veneno que ele teria usado na tentativa de homicídio
 
Londrina - Foi preso pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na manhã de ontem Izaltino Toppa, funcionário da Sercomtel que denunciou uma tentativa de extorsão, que resultou na prisão de cinco pessoas. Ele é suspeito de tentativa de homicídio qualificado contra um colega de trabalho. Segundo a acusação, Toppa teria dado cápsulas de remédio com veneno à vítima. Ambos são fiscais de contratos e também trabalham com vendas de cartão telefônico, segundo Ernandes Cezar Alves, delegado do Gaeco. Toppa é funcionário da empresa desde 1991 e teve a prisão temporária decretada pela juíza da 1ª Vara Criminal, Elisabeth Khater. 

No final de agosto Toppa denunciou Carlos Eduardo de Oliveira Pacheco, Arthur Barione e Darci dos Santos, que foram presos em flagrante quando tentavam extorqui-lo. No dia 5 de setembro Paulo Alves foi preso e Jaqueline Caligari, esposa de Pacheco, se apresentou ao Gaeco. Toppa teria pagado R$ 25 mil ao grupo e quando houve a solicitação de mais R$ 120 mil, houve a denúncia que resultou nas prisões. Este primeiro inquérito já foi concluído e os cinco foram indiciados por extorsão e formação de quadrilha, permanecendo presos até o julgamento do processo ou decisão judicial. 

Na manhã de ontem também foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência de Toppa e na Sercomtel. Foram recolhidos documentos, frascos com o veneno que teria sido usado na tentativa de homicídio e cápsulas de remédio que conteriam o mesmo veneno. O suspeito foi preso na rua e ouvido durante toda a manhã. À tarde ele foi transferido para a Casa de Custódia de Londrina (CCL). A demora em definir o local de prisão foi para evitar que ele tivesse contato com os acusados de extorsão, que estão detidos na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL), 3º, 4º e 5º Distritos. 

De acordo com as investigações, Toppa teria entrado em contato com os estelionatários em maio, encomendando a morte do colega de trabalho. Estes não executaram o crime e passaram a extorqui-lo. "Como o crime não foi praticado, ele resolveu praticar e preparou cápsulas de remédio com veneno. Num determinado dia a vítima estava resfriada e ele forneceu essa ‘medicação’. A vítima ingeriu uma das cápsulas e passou mal. Só não entrou em óbito porque foi socorrido por um vizinho. Fizemos uma busca na casa da vítima e localizamos mais uma cápsula. Foi feita perícia pela criminalística e foi constatado o veneno. Na busca de hoje foram localizados mais dois frascos na casa do Izaltino, contendo veneno e um frasco contendo mais três cápsulas já preparadas com esse veneno, chumbinho", explicou o delegado. 

A motivação do homicídio ainda está sendo investigada. "Foi instaurado um terceiro inquérito para apurar eventuais desvios, que seria peculato. Seriam esses fatos que foram usados na extorsão (investigada) no primeiro inquérito. Para este segundo inquérito, da tentativa de homicídio, temos praticamente todos os elementos para relatar e concluir", atestou Alves. 

O nome da vítima de tentativa de homicídio não foi revelado e, segundo o delegado, esta não soube esclarecer o motivo da agressão. "(Ele) Já foi ouvido e submetido à perícia no Instituto Médico Legal. Ele não estava acreditando no que estava acontecendo, por serem amigos há muitos anos", relatou. A vítima foi ouvida novamente no Gaeco durante a tarde. "O motivo que levou o suspeito de tentar o homicídio contra o colega ainda não está claro", frisou o delegado. 

Toppa teve decretada a prisão temporária por 30 dias e assim que for concluído o inquérito pode ser convertida em prisão preventiva. A pena para tentativa de homicídio qualificado é de 12 a 30 anos. A Sercomtel, através da assessoria de imprensa, informou que não iria se pronunciar sobre o caso. 

Desesperados
Silvana Pedroso, advogada de Toppa, afirmou que o cliente está sendo vítima das pessoas que o estavam extorquindo. "É o ‘abraço dos desesperados’, são pessoas que estão presas por ele ter procurado o Gaeco para denunciá-los por extorsão e eles alegaram fatos inverídicos que resultaram na prisão temporária do meu cliente." 

Segundo ela, Toppa teria pagado R$ 25 mil aos estelionatários que se passavam por policiais do Gaeco porque estes alegavam que havia um desfalque na Sercomtel e, por ser encarregado de um departamento, ele seria incriminado. "Ele foi procurado por essas pessoas, ele não procurou", disse. 

Sobre os frascos de venenos encontrados na residência de Toppa, a advogada alegou que a substância pode ser encontrada na casa de qualquer pessoa. "Comprar veneno para rato no nosso país não é crime. E isso não quer dizer que ele tentou dar (à vítima). Ele prestou depoimento, não tem nada a esconder da justiça." (Colaborou Lucio Flávio Cruz)

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